O primeiro dia do Ciclo de Palestras contemplou discussões voltadas aos interesses do produtor rural. Durante a manhã, Arlei Cedenir Batista e Aline Balestrin – Diretor de desenvolvimento rural da Secretaria de agricultura de Erechim e coordenadora da divisão de alimentação escolar da Prefeitura de Erechim – explanaram a “agricultura familiar na produção de alimentos na merenda escolar”. Foram apontados os processos implantação, os problemas e soluções encontrados e a legislação vigente que determina que Municípios e Estados gastem no mínimo 30% dos recursos destinados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) com a compra de produtos oriundos da agricultura familiar. A atividade que deveria acontecer na sequência, “Função social do agronegócio” com Nilton Pinho de Bem, Delegado do Ministério de Desenvolvimento Agrário, foi cancelada em razão de problemas pessoais do palestrante. A temática “Agricultura Sustentável” foi antecipada, com a coordenação de Valéria Fernandes Oliveira – técnica em gestão ambiental EMATER/ASCAR – que abordou a necessidade de modificações e de adaptações no setor agrícola. Também a riqueza da biodiversidade brasileira e as opções tecnológicas que podem alavancar estas mudanças, sempre de forma sustentável. A tarde, a “legislação ambiental e a propriedade rural” com o promotor público de Soledade, João Paulo Fontoura de Medeiros, foi bastante debatida. Os presentes interagiram com explanação de casos, perguntas e opiniões. O tema dominante foi a votação e as alterações no Código Florestal Brasileiro. Para o Dr. João Paulo, as discussões têm sido praticamente nulas, tendo em vista que estão acontecendo sob a ótica de grupos de pressão, de um lado aqueles que são favoráveis, no outro, os contrários. De acordo com o Promotor, apenas um técnico científico foi consultado para a realização do substitutivo de projeto, no entanto os laudos foram contestados por toda a comunidade científica no Brasil, o que acaba evidenciando alguns interesses por trás das mudanças propostas. Para o Promotor o importante é a visão do todo, não apenas do local, mas sim do Brasil, pois as alterações terão impacto em todo o país. Afirmou que o que pode parecer sedutor em curto prazo pode ser destruidor a longo e que ele não é contra o produtor, apenas defende uma legislação um pouco menos permissível do que a atual. Para o Dr. João Paulo é necessário entender os dois lados do que está sendo proposto, para que a situação possibilite que as próximas gerações usufruam da preservação do campo e não se tornem escravos das multinacionais, que são as grandes interessadas nestas mudanças. O Ciclo de Palestras continua na sexta-feira, com os temas “Difusão de tecnologia de precisão, com Vinicius Bellini Ottoni e Cristiano Paim Buss”, “Utilização dos recursos hídricos na irrigação, com Rogério Porto”, “Mudança da matriz produtiva, com Francisco Frizzo” e “Cooperativismo e Associativismo, com Giovani Cherini”. A iniciativa é realizada pela Administração Municipal de Soledade, através da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente, com apoio da ASCAR/EMATER, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Sindicato Rural e COAGRISOL.