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A partir da década de 1820, verificou-se a visitação e a fixação de novos moradores no local, motivados especialmente pelas notícias e relatos das riquezas da região. Campos propícios à pecuária e à agricultura; clima saudável; fauna rica e exuberante; abundância de águas; existência de ervais, araucárias e de outras madeiras nobres; pedreiras e minerais atraíram brasileiros de outras províncias e os imigrantes europeus: lusos, alemães, franceses, italianos, libaneses, poloneses que se somaram aos nativos e aos espanhóis, porque a história da localidade “já era antiga”.
Estudos recentes desvendam, através de documentos e inventários post-mortem, os hábitos e a cultura dos sesmeiros, dos criadores de mulas, dos pecuaristas, dos lavradores, dos tropeiros, dos comerciantes, dos trabalhadores escravizados e dos artesãos que, embora vivendo em moradias rústicas, apreciavam a prata, o ouro e as pedras preciosas com os quais confeccionavam adornos para seus oratórios, rosários de contas, joias e arreios exclusivos para seus cavalos.
Ocupados os campos, desbravadas as florestas, lotearam-se as terras restantes. Houve intenso comércio de terras nas primeiras décadas de 1900. A pequena propriedade rural nasceu e a agricultura floresceu. Foi o excedente econômico do trabalho agrícola que financiou a industrialização.
Nas décadas de 40 e 50 do século passado, a cidade se industrializou e das doze principais indústrias; oito, dedicavam-se ao ramo madeireiro. As demais eram de pasta mecânica, calçados, farinhas e acordeões.
Aliado a esse desenvolvimento, vigorou desde o início a busca e o fascínio pelas pedras preciosas. Era o comércio de erva mate e exportação de ágatas que aqueciam a economia do Lagoão, segundo relatos do viajante alemão Maximiliano Beschoren, “Importante é o comércio de ágatas, que são exportadas em grande quantidade anualmente. É a única fonte de renda que faz circular o dinheiro”, escrevia ele em 1875, ano da emancipação política de Soledade.
Em 1879, Maria Catharina Bohrer, residente no Lagoão, requer a partilha de uma lapidaria que seu falecido marido Guilherme Bohrer possuía na Alemanha, fato que comprova o pioneirismo regional deste garimpeiro e exportador de pedras.
Já no século 20, de 1944 – 1965 registraram-se como faiscadores e garimpeiros, para atuarem em Soledade e região, trezentos e setenta e nove pessoas, oriundas de diversas cidades do país e também do exterior. O número destes profissionais demonstra que sua atividade foi ininterrupta, crescente e significativa no cenário econômico regional.
Atualmente, a fisionomia do município mudou, os campos estão sendo plantados, o asfalto cobriu a picada, o espaço territorial fragmentou-se e originou mais de duas dezenas de novos municípios, a população diminuiu. A denominação inicial de Capela de Nossa Senhora da Soledade do Botucaraí foi simplificada para apenas Soledade. Referência à Santa padroeira e ao padre visitador Antônio Vieira da Soledade que trouxe de Portugal essa devoção.
(Elizette Scorsatto Ortiz – Mestre em História Regional).
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